quinta-feira, 5 de agosto de 2010

O carro de boi e a estrada vermelha




Na estrada, vermelha, estreita

Passa o carro de boi,

Com seus passos lentos

Tranqüilos, sem pressa alguma.


Em cima vai um senhor,

Cabelos brancos

Boné na cabeça, compenetrado.


Em sua mão a vara cruza o ar

E de forma forte, mas com carinho

Atinge os bois, que já sabem,

Está na hora de andar mais rápido.


O som que se ouve,

A não ser o berrado do gado atrás da cerca

Que parece cumprimentar o companheiro que passa

Ou do bem-te-vi que ao longe

Entoa seu hino,

É a voz do condutor que grita

MARINHEIRO, MARINGÁ


Em sua boca o velho cigarro

Feito com fumo em corda

E a fumaça que sai

Voa e diz olá ao dia maravilhoso.


Aos poucos, ouvem-se cachorros latindo,

Defendendo a sua casa,

Defendendo-a de um perigo,

Que até o momento inexiste.


Assim continua a caminhada

Uma hora, ou até mais,

Naquela paciência inabalável.

Não reclama,

Não estressa,

Só trabalha,

Trabalha exageradamente

Pois só assim ele pode dizer:

—Sou feliz!!!