Na estrada, vermelha, estreita
Passa o carro de boi,
Com seus passos lentos
Tranqüilos, sem pressa alguma.
Em cima vai um senhor,
Cabelos brancos
Boné na cabeça, compenetrado.
Em sua mão a vara cruza o ar
E de forma forte, mas com carinho
Atinge os bois, que já sabem,
Está na hora de andar mais rápido.
O som que se ouve,
A não ser o berrado do gado atrás da cerca
Que parece cumprimentar o companheiro que passa
Ou do bem-te-vi que ao longe
Entoa seu hino,
É a voz do condutor que grita
MARINHEIRO, MARINGÁ
Em sua boca o velho cigarro
Feito com fumo em corda
E a fumaça que sai
Voa e diz olá ao dia maravilhoso.
Aos poucos, ouvem-se cachorros latindo,
Defendendo a sua casa,
Defendendo-a de um perigo,
Que até o momento inexiste.
Assim continua a caminhada
Uma hora, ou até mais,
Naquela paciência inabalável.
Não reclama,
Não estressa,
Só trabalha,
Trabalha exageradamente
Pois só assim ele pode dizer:
—Sou feliz!!!